Entre as associadas da ProCedro (Associação Brasileira de Produtores de Cedro Australiano) está a Caeté Florestal, que investe em cedro australiano desde novembro de 2011.
“A importância do trabalho da ProCedro é a disseminação do cultivo para o mercado e, principalmente, a troca de conhecimento entre associados. A Associação tem ajudado os produtores agrupando as iniciativas, e abordando o mercado de uma forma só”, destaca o produtor e diretor operacional da Caeté Florestal, Marcos Barros.
A propriedade que fica em Nepomuceno, Minas Gerais, está em seu sétimo ano de implantação da cultura do cedro australiana (Toona ciliata). “Podemos considerar que o desenvolvimento dos diversos talhões, com material clonal e seminal, se encontra bastante satisfatório, com IMA (Incrementos Médios Anuais) significativos, quando comparados com outras espécies exóticas de potencial madeireiro, como a teca e o mogno africano.
Entre os principais desafios estão o desenvolvimento de protocolos específicos para a condução de podas e o manejo integrado de pragas e doenças, que tem comprometido alguns talhões da cultura no empreendimento florestal”, pontua Marcos, que tem como sócio Laury Cullen.
Produtividade
O estudo de desenvolvimento da massa florestal da empresa Caeté Florestal é sistematizado através de inventários periódicos.
Após a coleta dos dados em campo, eles são digitalizados para planilhas de Excel e utilizados nas análises, que são realizadas através de um software específico para o cedro australiano, o SisCedro, desenvolvido em parceria pela Caeté Florestal S/A e a Embrapa Florestas.
Estes softwares fazem simulação de desenvolvimento de plantio florestal a partir dos dados coletados em campo, comparando com um banco de dados que gera uma curva de crescimento ideal para a espécie. Tendo como referência as curvas ideais de crescimento, são realizadas simulações de desbastes na floresta, buscando conduzir um plantio dentro da área basal indicada para manejo, maximizando sua produtividade.
Os softwares fazem também o sortimento da madeira, ou seja, distribui em classes de diâmetros a madeira que será retirada, apresentando o volume (m³/ha) estimado para cada produto (galharia, lenha, serraria 1 e serraria 2). Com isso é possível trabalhar várias modelagens e obter inúmeros cenários para o manejo florestal de maior produtividade.
Para os sistemas agroflorestais implantados e com sete anos de idade (integração café x cedro australiano material clonal) em diversos espaçamentos, tem incrementos anuais médios (IMAs) variando de 16 a 23 m3/ha/ano, com produtividade total estimada de 227 a 320 m3/ha, considerando todos os desbastes planejados e a colheita final.
Para o material seminal, implantado em monocultivo, com sete anos de idade, em espaçamento 3×2, ou seja, 1666 indivíduos/ha, tem incremento anual médio (IMAs) de 13 m3/ha/ano, com produtividade total estimada de 208 m3/ha, considerando todos os desbastes e a colheita final.
Clones
O material clonal implantado tem se destacado em resistência a pragas e doenças e produtividade.
A escolha dos clones se deu em discussões com assessoria técnica da Bela Vista Florestal e visitas a alguns experimentos em campo.
Foram escolhidos alguns clones da linha BV que inicialmente apresentaram forma florestal mais adequada, grande homogeneidade de altura e diâmetro, resistência a pragas e doenças.
“Atualmente, temos observado, em resultados anuais de nosso inventário, um maior incremento diamétrico e o rápido arranque das plantas nos primeiros anos. Da mesma forma, uma produtividade bastante superior ao material seminal, com IMA médio entre os clones de 22 m3/ha/ano, segundo inventário realizado aos sete anos de idade”, exemplifica Marcos.
Consórcio café/cedro
As plantações florestais comerciais são indicadas como alternativa, porém outra forma de contribuir para o uso e manejo dos recursos é a integração floresta-lavoura, também conhecida como Sistema Agroflorestal (SAF), onde espécies florestais podem ser associadas a culturas agrícolas.
O produtor rural, principalmente, pode obter muitas vantagens em relação aos SAFs, como a recomposição e uso das Reservas Legais (RLs) e obtenção de financiamentos através do Programa ABC – Agricultura de Baixa emissão de Carbono.
Esses tipos de incentivos são muito importantes para o desenvolvimento da agricultura, muito forte em nosso País, contribuindo para a proteção da agrobiodiversidade e para o uso sustentável dos recursos naturais.
“Neste contexto, a experiência de integração do café com cedro da Caeté Florestal tem como objetivo a busca pela viabilidade econômica na integração floresta-lavoura, mais especificamente, no consórcio entre a espécie florestal exótica cedro australiano e o café arábica, além de propor modelos que fortaleçam políticas de acesso para produtores rurais a créditos de mercado, voltados principalmente para a agricultura de baixo carbono.
A experiência é realizada na Fazenda Invernada Grande em Nepomuceno-MG, analisando três modelos de produção de cedro australiano: seminal, clonal puro e clonal SAF (com café arábica catuaí vermelho e bourbon) em diversas idades. A metodologia utilizada para a coleta de dados é o inventário florestal e a primeira parte das análises é realizada através de volumetria”, destaca Marcos Barros.
A segunda parte das análises é realizada através de dois softwares: o SisCedro, para prognose de crescimento e produção, e manejo florestal; e o Planin, para análise econômica, onde são comparados diferentes cenários nos três modelos de produção.
Os resultados preliminares de análise de volumentria demonstram que a espécie cedro australiano se desenvolve significativamente bem, visto que o plantio está com sete anos de idade e possui valores elevados de DAP (Diâmetro Altura do Peito) e de IMA (Incremento Médio Anual).
Já os resultados das análises de manejo florestal e viabilidade econômica demonstraram que o modelo de produção clonal com café (Sistema Agroflorestal) apresentou maior volume de madeira e maior VPLA (Valor Presente Líquido Anualizado), quando comparado aos outros modelos de produção em monocultivo.
Através das análises pôde-se observar que o cedro australiano é uma espécie com potencial, principalmente associado a culturas agrícolas (integração floresta-lavoura), sendo considerado economicamente viável.
Marcos explica que “a experiência de integração café com floresta da Caeté Florestal teve início em 2011. As pesquisas sobre consórcios entre a espécie florestal cedro australiano e o café ainda são recentes. Existem estudos sobre integração do café com outras espécies arbóreas que mostram resultados positivos, principalmente no que diz respeito à sustentabilidade dos solos. A integração entre o cedro australiano e o café favorece o aumento no teor de matéria orgânica do solo, quando comparados a sistemas de cultivo de café a pleno sol. Também, já é consenso na literatura que os SAFs diversificam a produção, proporcionando melhor aproveitamento da área, além de ter uma relação direta com uma agricultura de baixo carbono, restauração de paisagens rurais fragmentadas e a conservação da biodiversidade. Por fim o Café sombreado (até no máximo 30% de sombreamento) trás qualidades superiores aos grãos colhidos tornando os mesmos em cafés gourmets.”
As primeiras safras de café arábica têm sido consumidas pelo mercado nacional, e o objetivo de Marcos e Laury é a produção de uma cultura gourmet, com alto valor agregado, para obter linhas de cafés especiais e com valor de origem. Em experiência piloto recente, e em parceria com Daterra Coffe, um lote da cultura, produzido em integração com o cedro australiano, conquistou a categoria Masterpiece da Daterra, sendo premiado e vendido com alto valor agregado no mercado internacional.
Caeté
A Caeté Florestal é uma empresa focada em silvicultura de madeiras nobres. O investimento foi iniciado com a espécie Toona Ciliata (cedro australiano).
“A escolha se deu pelo possível mercado e pela evolução tecnológica que a Bela Vista Florestal já vinha me apresentando”, explica Marcos.
Atualmente a Caeté conta com:
– 150 hectares de toona ciliata/ cedro australiano;
– 250 hectares de kaya ivorense/ mogno africano;
– 50 hectares de tectona grandis teca; e
– 25 hectares de nativas experimental de interesse econômico.
“A Caeté Florestal credita que espécies exóticas como o eucalipto, cedro australiano, mogno africano e a teca têm potencial madeiro no Brasil e podem ser produzidas sem ser em monocultivos, diminuindo a pressão sobre os remanescentes florestais nativos. Acreditamos também no potencial silvicultural das espécies nativas dos vários biomas brasileiros, especialmente em modelos de integração lavoura-pecuária-floresta que buscam um modelo de produção de baixo impacto ambiental, preservando a biodiversidade brasileira”, ressalta Marcos Barros.
Os recursos madeireiros produzidos pela Caeté Florestal vem de suas florestas plantadas em áreas próprias, localizadas nos estados de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Em suas operações de plantio, manejo e colheita florestal a empresa respeita às normas ambientais. Seus procedimentos de rotina buscam a sustentabilidade e a certificação florestal.
“Respeitamos os valores e os aspectos culturais de todos os atores envolvidos nos processos de cultivo florestal, sejam eles trabalhadores, fornecedores e moradores das comunidades do entorno das áreas de plantio. Temos orgulho de dividir a história de estarmos entre as primeiras empresas do Brasil em cultivar, com qualidade, espécies florestais nativas e exóticas, em escala, em modelos inovadores e em vários biomas brasileiro”, comemora o produtor.
Marcos deixa um recado aos que estão analisando investir em cedro australiano. “É um negocio promissor que tem tudo para dar certo. Atenção aos planos de custo para chegar ao ponto de corte.”
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