A ProCedro (Associação Brasileira de Produtores de Cedro Australiano) foi criada em 2017 com diversos objetivos, entre eles:
unir os elos da cadeia produtiva (comprador, prestador de serviços, consultor, produtor florestal);
trazer inovações e conhecimento para os produtores; e
aprimorar a qualidade da madeira produzida no país.
Mas nada é tão importante e urgente quanto a união dos produtores para conseguir suprir os volumes de demanda, que são consideradas grandes demais para os pequenos produtores isolados.
São dezenas de empresas, no Brasil e no exterior, que ao longo dos últimos anos vêm procurando a madeira de cedro australiano, sem conseguir volume que atendesse suas necessidades.
Alguns casos, inclusive, merecem ser citados isoladamente, para pontuar a dimensão deste mercado.
Mercado
Empresas produtoras de portas são as que mais procuram a madeira. Como são grandes consumidoras, precisam de volumes de 200m3/mês, ou mais.
É o caso da fábrica de portas Uliana, de Tietê, São Paulo. Fabricante de produtos de qualidade e grande exportadora, procurou produtores de cedro para criar uma nova linha de portas para exportação.
O destino do produto final eram os Estados Unidos, visando o nicho de uma espécie de madeira com boa aceitação local, a Alder. Porém, na época, a Uliana não conseguiu o volume de matéria-prima necessária.
E assim como ela, outras grandes empresas como a Sincol e Rohden se interessaram, sendo que esta última está cultivando a espécie para abastecimento próprio.
O segmento moveleiro é igualmente interessante para a espécie, que tem em sua trabalhabilidade e qualidade de acabamento seu grande trunfo.
Devemos citar o caso da Lider Interiores, expoente na fabricação de móveis em Minas Gerais. A empresa chegou a fazer uma exposição de peças produzidas com cedro australiano na Semana de Design de Belo Horizonte, em 2016.
Sua demanda é de 80m3/mês de madeira classe A. Também não havia essa quantidade de madeira para ser fornecida por nenhum produtor individual.
A renomada fábrica de móveis Etel Interiores, de Valinhos-SP é outra empresa que atesta a qualidade da madeira, a qual vem utilizando há alguns anos e com a qual produziu peças premiadas internacionalmente.
Outro exemplo é a Butske, famosa fabricante de móveis do sul do país, que passou pela mesma experiência, de aprovar a madeira sem conseguir volume suficiente de fornecimento.
Cedro australiano: produtores unidos
Apesar dos segmentos moveleiro e de acabamentos em construção civil serem os de maior volume de demanda, existem diversos nichos de mercado com demanda superior ao que um pequeno produtor isolado pode atingir.
Podemos citar a Faber Castell, que se interessou pela madeira para suas linhas de lápis especiais (maquiagem), mas não conseguiu viabilizar o negócio com menos de 250m3 de madeira por mês.
Igualmente, diversos fabricantes de instrumentos musicais demandam a madeira, mas os maiores não conseguem volume de fornecimento.
Se quisermos variar os nichos de mercado, a lista fica enorme; esculturas, molduras, lâminas de madeira, machetaria, embarcações, forros, objetos e painéis decorativos, uso estrutural e outros.
Enquanto escrevo esse artigo, os associados da ProCedro estão se organizando para atender conjuntamente a fabricante de painéis decorativos Parkiet Brasil, de Salvador-BA.
Conhecimento
Mais do que a solução imediata, é preciso mostrar para o mercado que os plantios existentes, e os vindouros, irão em breve suprir a grande demanda; fornecendo madeira de alta qualidade, com as características que são mais importantes para os consumidores: origem legal/sustentabilidade; padrão; e continuidade de fornecimento.
Até pouco tempo, o cedro australiano foi plantado no Brasil em pequenas áreas. A falta de conhecimento sobre a cultura e a genética inadequada que estava disponível no mercado gerou florestas de baixa produtividade e plantas desuniformes, o que dificulta o processamento e a produção de madeira de qualidade, que está diretamente ligada à forma e ao diâmetro das toras.
Mas o esforço de pesquisa de empresas que apostaram na espécie, em parcerias com instituições de pesquisa e universidades, mudou completamente esse cenário.
Hoje temos disponível no mercado material genético de alta qualidade, clones com forma, produtividade e capacidade de adaptação. Os novos plantios estão vindo com força, e é uma questão de tempo até que as demandas consigam ser supridas.
Ricardo Vilela, presidente da ProCedro
Leave a Reply